No mês de Fevereiro fomos visitar um dos fundadores da Operação Nariz Vermelho, Mark Mekelburg, também conhecido por Dr.P.P.P.Pipoca.
Quando chegámos às instalações tínhamos à nossa espera o Sr. Mark Mekelburg, a sua secretária Rita e ainda um bolo de chocololate muito saboroso.
Começámos a entrevista por perguntar como tinha surgido esta ideia dos doutores palhaços e percebemos que a ideia partiu de um grupo americano (Big Apple circus) que foi um dia fazer uma apresentação a um hospital e como não podiam aceder ao piso superior, só as crianças com mobilidade tiveram acesso ao espectáculo. Sem pedir autorização um dos palhaços decidiu subir e foi abordado por um médico que lhe disse que o hospital não era um lugar para palhaços e a sua resposta foi: "Concordo Doutor, também não é um lugar para crianças.". Esta ideia de alegrar as crianças hospitalizadas espalhou-se e deu depois origem a grupos brasileiros, franceses e espanhóis.
Em Portugal, em Setembro de 2001, Beatriz Quintela convidou dois amigos, Mark e Bárbara para a ajudarem na criação da Operação Nariz Vermelho.
Através desta entrevista percebemos também que o trabalho do palhaço é levado muito a sério. Um doutor palhaço além de dominar as técnicas artísticas tem também formação específica sobre o espaço hospitalar e a criança. "Queremos ser os melhores palhaços possíveis" diz Mark.
Os doutores palhaços recebem ensinamentos de higiene, de patologia, de serviços específicos (doenças infecciosas) e de relações com os outros. " O nosso trabalho é essencialmente construção de pontes entre as crianças e a equipa médica". Todos os palhaços que trabalham na Operação Nariz Vermelho têm que ser experientes na arte do espectáculo e passam por um ano de estágio.
Os doutores palhaços trabalham em duplas, pois assim têm mais possibilidades de improvisar brincadeiras, mas também para se apoiarem um ao outro, visto que é um trabalho emocionalmente cansativo. Cada dupla trabalha 3 meses no mesmo hospital para ser possível a criação de laços com as crianças. "O nosso trabalho tem efeitos terapêuticos mas o objectivo não é fazer terapia, estamos lá pela criança." O palhaço põe a realidade debaixo de uma lupa, exagerando-a e isso faz com que a realidade seja menos dura.
O Dr. Pipoca contou-nos uma história muito emocionante para demonstrar como nem sempre os palhaços ganham a confiança da criança à primeira. Um rapaz chamado Gonçalo estava internado no hospital e gritava cada vez que via os doutores palhaços, nunca os deixando entrar no seu quarto. Mas ao fim de 6 meses já aceitava a sua presença e passado um ano até convidou dois doutores palhaços para a sua festa de aniversário. Mas infelizmente, pouco tempo depois o Gonçalo faleceu e o mais espantoso foi que os pais do Gonçalo pediram a dois doutores palhaços para irem ao seu velório.
"Quando há desafios e temos que conquistar a pouco e pouco a confiança da criança é muito gratificante conseguir chegar à criança e construir a ponte".
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